O Bumba Meu Boi é tido como uma das mais ricas representações do folclore brasileiro. Segundo os historiadores, essa manifestação popular surgiu através da união de elementos das culturas européia, africana e indígena, com maior ou menor influência de cada uma dessas culturas, nas diversas variações regionais do Bumba Meu Boi. Existem festas similares em Portugal (Boi de Canastra) e no Daomé (Burrinha).
O documento mais antigo de que se tem notícia a respeito do Bumba Meu Boi é datado de 1791, e foi escrito pelo Padre Miguel do Sacramento Lopes Gama, num jornal de Recife.
A festa do Bumba Meu Boi constitui uma espécie de ópera popular. Basicamente, a história se desenvolve em torno de um rico fazendeiro que tem um boi muito bonito. Esse boi, que inclusive sabe dançar, é roubado por Pai Chico, trabalhador da fazenda, para satisfazer a sua mulher Catirina, que está grávida e sente desejo de comer a língua do boi. O fazendeiro manda os vaqueiros e os índios procurarem o boi. Quando o encontram, ele está doente, e os pajés são chamados para curá-lo. Depois de muitas tentativas, o boi finalmente é curado, e o fazendeiro, ao saber do motivo do roubo, perdoa Pai Chico e Catirina, encerrando a representação com uma grande festa.
O boi é a principal figura da representação. Ele é feito de uma estrutura de madeira em forma de touro, coberta por um tecido bordado ou pintado. Nessa estrutura, prende-se uma saia colorida, para esconder a pessoa que fica dentro, que é chamada de "miolo do boi". Às vezes, há também as burrinhas, feitas de maneira semelhante ao boi, porém menores, e que ficam penduradas por tiras, como suspensórios, nos ombros dos brincantes.
Todos os personagens são representados de maneira alegórica, com roupas muito coloridas e coreografias.
As brincadeiras de Bumba Meu Boi acontecem defronte à casa de quem convidou o grupo, e que patrocinará a festa. Embora surjam variações de uma região para outra, normalmente as apresentações seguem uma ordem. Primeiro, canta-se uma toada inicial, que serve para juntar e organizar o grupo, antes de ir para a casa. Em seguida, entoa-se o Lá Vai, uma canção para avisar ao dono da casa e a todos que o boi deu a partida. Depois disso, vem a Licença, em que o boi e o grupo se apresentam, entoando louvores a santos, a personalidades e a vários outros temas (natureza, personagens folclóricos, etc).
Começa, então, a história propriamente dita, e ao final da apresentação, o grupo e a platéia cantam juntos O Urro do Boi e a Toada de Despedida.
Em algumas regiões do Norte, o boi é morto simbolicamente . O vinho representa o seu sangue, e sua "carne" (o manto que envolve a armação de madeira) é repartida entre os espectadores e participantes da festa. Para a próxima festa, outro manto será feito.
A música é um elemento fundamental no Bumba Meu Boi. O canto normalmente é coletivo, acompanhado de matracas, pandeiros, tambores e zabumbas, embora se encontrem, em raros casos, instrumentos mais sofisticados, como trombones, clarinetas, etc.
No Norte e no Nordeste do Brasil ainda se encontram grupos organizados de Bumba Meu Boi, muitos deles formados por famílias que se esmeram em manter a tradição. As representações não têm época fixa para acontecer, e podem ser feitas para comemorar qualquer acontecimento marcante do lugar.