terça-feira, 21 de maio de 2013

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Em Voz Feminina
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O Erotismo

É a lembrança da sua pele, trazida por uma imaginação sem limites que me faz parar o passo e estacar na imensidão desta fronteira que sou eu.
Entre a sensualidade e erotismo, pendo para um lado e outro, qual balança.
E volta a recordação do passado que não existiu. Sendo ou não um futuro que não existirá.
Mas é o espaço que separa a minha boca da sua, o que me faz estacar de novo.
O gosto poético do deslizar de lábios que se tocam e encostam uma primeira vez.
Procuram o gosto da pele macia, tentando absorver os sabores que por ela passaram.
E, numa tentativa que vai mais além, uma língua insinua-se, matreira e curiosa.
Desliza como uma pequena cobra, mordendo e deixando o veneno do desejo.
Esse veneno que ambos buscam, como antídoto para aquela fome alucinante que os faz encolher o estômago.
De prazer, não de falta de alimento. E que melhor alimento senão o do desejo que, de contido passa solto por cada poro, sem pudor.
Desejo como um pequeno serviçal, ao dispor de corpos que deliram de febre.
E a boca passa a deslizar pela pele âmbar dele/dela, dele/dela.
Esta memória do seu corpo que me inunda, mesmo sem nunca o ter visto, ou encontrado.
Mas tacteado em cada corpo que roçou o meu.
Olhos semicerrados, peito arfante, respiração que se solta em sussurros de luxúria, e palavras de paixão.
Não sou eu. É ele. Não. É ele. Não é ele. Sou eu. Eu.
Seremos nós?
Um corpo que penetra outro na ânsia de encontrar o seu eu mais profundo, a seiva que traz de novo a realidade aos olhos abertos, fixos nos rostos.
O seu rosto, difuso, passa rapidamente na frente dos meus olhos.
Estendo a mão para os seus cabelos meio ondulados e ela acaba por cair no seu peito.
Melhor. Assim, poderá deslizar como uma pena, levemente. Enquanto a boca traça o mesmo caminho, retornando aos pontos em que o aroma se mistura com o gosto agridoce do desejo.
Possuem-se, gemendo. Em uivos que duelam com os lobos perdidos na noite.
Ah, prazer que se espalha nas entranhas e se derrama em lava ardente, do dele para o dela, que o aperta, entre si e dentro do seu corpo.
Cai a noite. Escurece.

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